terça-feira, 8 de março de 2016

Gurgel Motores S.A.

Gurgel Motores S.A. foi uma fabricante de automóveis brasileira, desenvolvidos pelo engenheiro João Augusto Conrado do Amaral Gurgel. Com a proposta de produzir veículos 100% nacionais, o empresário montou em 1969, na Avenida do Cursino, em São Paulo a fábrica de carros que levava o seu nome (mudou sua sede para Rio Claro, em 1975). A montadora produziu aproximadamente 30 mil veículos genuinamente brasileiros durante seus 27 anos de existência.[1]
O registro da marca Gurgel encontrava-se expirado no INPI desde 2003. Em 2004, o empresário Paulo Emílio Freire Lemos, pelo valor de R$ 850,00, registrou para si a marca Gurgel e o antigo logo. A família Gurgel não foi consultada e por isso decidiu mover uma ação judicial contra o empresário.

História

Início

A Gurgel foi fundada em 1 de setembro de 1969 pelo falecido engenheiro mecânico e eletricista João Augusto Conrado do Amaral Gurgel, que sempre sonhava com o carro genuinamente brasileiro.[nota 1] Gurgel começou produzindo karts e minicarros para crianças no começo dos anos 60, quando tinha uma empresa de luminosos. O primeiro modelo de carro foi o bugue Ipanema] e utilizava, motor Volkswagen.

Década de 1970: Bons negócios

X12: perdurou por praticamente toda a existência da Gurgel.
A marca viu que o Ipanema era usado em terrenos hostis e isso apontou o rumo que a empresa deveria seguir. Nisso, surgia o Xavante XT de 1972, já com chassi plasteel e suspensão desenvolvida por João Gurgel e que foi o primeiro carro da fábrica testado pelas Forças Armadas, vindo depois o Xavante XTC de 1974, um jipe maior e mais quadrado e no mesmo ano de lançamento do Xavante X-12 (que mais tarde seria apenas X-12). Logo, o Gurgel Xavante X-12 Xavante X12 iniciava o relativo sucesso da marca. Este foi o principal produto durante toda a evolução e a existência da fábrica. Este jipe seguia a tendência dos bugues de sua época e tinha como características diferenciais um chassi feito de plasteel (projeto patenteado pela Gurgel desde o início de sua aplicação, que era uma união de plástico e aço, que aliava alta resistência a torção e difícil deformação), uma carroceria de plástico reforçado com fibra-de-vidro (PRF)[nota 3] e o selectraction.[ O Xavante logo agradou ao público, por sair da concepção tradicional dos bugres, e ao Exército brasileiro, que fez grande encomenda - havia uma versão militar especialmente produzida para este fim, o que deu impulso à produção. O modelo X12, era uma versão civil do jipe das forças armadas.
Cumpre lembrar, que o sucesso dos veículos e da marca se deu ao fato de não haver no mercado concorrência à altura, pois o Brasil tinha restrição à importação de veículos automotores. No mercado existiam o Toyota Bandeirante (versão brasileira do Land Cruiser com motor diesel Mercedes) e o Jeep Willys (posteriormente Ford). Estes veículos eram equipados com tração 4x4 e tinham desempenho bastante superior ao Gurgel em uso fora de estrada (que só era apresentado com tração traseira), porém eram muito caros e apresentavam alto custo de manutenção e consumo.

Mudança para Rio Claro[

G15: utilitário robusto.
Em busca de maior espaço físico para a produção de seus veículos, a empresa compra um terreno em Rio Claro, em julho de 1973. A inauguração da fábrica foi em maio de 1975, com a produção começando simultaneamente. No mesmo tempo em que a fábrica era construída, a Gurgel apresentava o Itaipu E150, um projeto pioneiro de carro elétrico.
Em 1976 chegava o Xavante X12 TR, de teto rígido, com o chassi Plasteel e uma garantia inédita de fábrica de 100.000quilômetros.
Entre 1977 e 1978, a Gurgel foi o primeiro exportador na categoria veículos especiais e o segundo em produção e faturamento. Cerca de 25% da produção seguia para fora do Brasil. Eram fabricados 10 carros por dia, sendo o X12 o principal produto da linha de montagem. A unidade de negócios era o Gurgel Trade Center, numa importante avenida da capital paulista. Havia um escritório executivo e um grande salão de exposição, além de um centro de apoio técnico aos revendedores.
Em 1979, toda a linha de produtos foi exposta no Salão do Automóvel de Genebra, onde o jipe brasileiro teve boa recepção. Ainda naquele ano foi lançado o furgão X15 e o X20.
Exército Brasileiro era seu principal cliente, que comprava principalmente o X12 e X15. Algumas unidades do X20 também foram vendidas.

Carros elétricos

Em 24 de junho de 1980 a Gurgel lançava sua pedra fundamental da fábrica de veículos elétricos (um novo prédio na mesma fábrica de Rio Claro). O projeto desses veículos iniciou-se com o TU (apenas um veículo de demonstração, sem motor). A seguir, a marca lançava (em 1981), de fato, um veículo elétrico em série: o Itaipu E150. Logo depois aparecia o monovolume E400, que fora vendido para companhias estatais. Entretanto, os modelos não vingaram por terem alto custo das baterias e autonomia pequena; logo a Gurgel descontinuaria a produção de seus veículos elétricos.

A fábrica "muitonacional"

Os cerca de 4 mil carros exportados para os mais de 40 países fizeram a empresa se tornar multinacional. Mas João Gurgel adorava dizer que sua marca não era multinacional, e sim "muitonacional", pois o capital era 100% brasileiro.

A empresa se torna grande

XEF: o primeiro minicarro da marca.
A valente empresa crescia. Sua fábrica, de 360 mil m³ e 15 mil de área construída, tinha 272 empregados, entre técnicos e engenheiros. Todos dispunham de assistência médica e transporte. Só perdia em número de funcionários para a Puma, no que se referia a pequenos fabricantes.[3]
Em 1980 a linha era composta de 10 modelos. Todos podiam ser fornecidos com motores a gasolina ou álcool, apesar de mais tarde o engenheiro Gurgel combater muito o combustível vegetal.[nota 5] Ainda naquele ano, foi testado - depois de cinco anos de estudos - mais um veículo de tração elétrica, o Itaipu E400. Este furgão foi vendido em 1981 apenas para empresas, que se comprometiam a reportar os problemas e dificuldades encontrados. Depois da versão furgão, seriam lançados modelos picape, de cabines simples ou dupla, e em 1983 o Itaipu E400, para passageiros. Entretanto, as baterias, que demoravam até 10 horas para serem carregadas, e com peso elevado, não permitiram uma autonomia satisfatória. Mais tarde, com a mesma carroceria, foi lançado um modelo com motor Volkswagem "a ar", denominado G800 em 1982.
Em 1984, a Gurgel lançava seu maior carro durante toda a sua história: o jipe Carajás, que foi o primeiro com motor dianteiro. E ainda oferecia o TTS, sigla para Tork Tube System, que levava a força do motor/embreagem (dianteiros) à sua caixa de marchas (traseira). Contudo, o TTS apresentava alguns pontos negativos, como a demora do acionamento da embreagem (devido à grande inércia do eixo) forçando o motorista a trocar as marchas com um intervalo de tempo maior entre o desengate e o engate, principalmente entre a 2º e a 3º marcha.
Outros modelos novos foram o X12 TR (versão mais barata do X12 com teto rígido), X12 RM (com várias configurações), o X12 M (este de uso exclusivo das Forças Armadas do Brasil), o X15 TR, o G15 L, o XEF, cada qual com seus acessórios específicos.
Em 1988, como modelo 1989 o X12 passou a se chamar Tocantins, acompanhado de ligeira reforma estética e na suspensão.

Grande salto da empresa: o BR-800

BR-800: marco na história da empresa.
Além dos utilitários, Gurgel sonhava com um carro econômico, barato e 100% brasileiro para os centros urbanos. No 7 de setembro de 1987[nota 6] foi apresentado o protótipo 280M, resultado do projeto Cenaacrônimo de "carro econômico nacional", um minicarro projetado para ser o mais barato do país. Os motores eram de dois cilindros horizontais opostos, 650 ou 800 cm³, refrigerados a água, como em certos carros japoneses. A potência seria de 26 ou 32 cv conforme a versão. Do protótipo se chegou ao BR-800, lançado oficialmente em 1988. O objetivo de projetar um carro com o preço final de US$3 mil não se concretizou, mas graças a um incentivo fiscal do governo brasileiro (que concedeu ao veículo o direito de pagar apenas 5% de (IPI), enquanto os demais carros pagavam 25% ou mais dependendo da cilindrada), o carro era vendido a um preço médio de US$ 7 mil - cerca de 30% mais barato que os compactos das montadoras transnacionais no Brasil. De início, a única forma de compra era a aquisição de ações da Gurgel Motores S/A, que teve a adesão de 8 000 pessoas. Sob a campanha
Cquote1.svg"Se Henry Ford o convidasse para ser seu sócio, você não aceitaria?"Cquote2.svg
, foram vendidos 10.000 lotes de ações. Cada comprador pagou os 7 000 dólares pelo carro e cerca de 1 500 dólares pelas ações, o que se constituiu um bom negócio para muitos - no final de 1989 havia ágio de 100% pelas mais de 1.000 unidades já produzidas. Em 1991, a Gurgel tinha uma frota de testes de 5.000 BR-800 nas mãos de seus sócios. Esse volume representava até então a maior frota de testes do mundo.

Fábrica no Ceará que jamais saiu do papel

Motomachine: portas translúcidas.
Supermini: relativo sucesso em 1992.
A década de 1990 se mostrava promissora para a Gurgel, e por isso ela lançava oMotomachine. Inicialmente, apenas os acionistas podiam comprar o carro. E neste mesmo ano, o BR-800 passaria a ser vendido sem o pacote compulsório das ações da empresa: qualquer um podia comprar o veículo.
O novo governo do Brasil, do presidente Fernando Collor de Melo, tomou medidas que prejudicaram a Gurgel. A primeira delas foi isentar todos os carros com motor menor que 1000 cm³ do IPI - o que levou as grandes montadoras estrangeiras instaladas no país a lançar quase que instantaneamente carros com preços menores que os do BR-800 e com mais recursos. Um bom exemplo disso é o Uno Mille. Outra medida do governo Collor foi liberar as importações de veículos. Mesmo pagando aliquota de 85%, o Lada Niva era mais barato que os jipes produzidos pela Gurgel. Em 1991, os bancos estatais Banespa e BEC concederam novos empréstimos (sem garantias) à Gurgel. Nesse momento, as pressões sobre a empresa só aumentavam. Se antes desse passo a única fábrica totalmente nacional de automóveis ainda não incomodava, restrita que era a uma vitoriosa linha de jipes e utilitários, linha essa acrescida de um carro urbano e econômico ainda sem economia de escala e portanto sem preços competitivos, agora ela ameaçava crescer e aparecer.
Em 1992, tentando reagir no mercado, a marca lançava o Supermini, com um desenho e acabamento mais equilibrados que o seu antecessor, BR-800. Mesmo depois de 4 anos do lançamento do lote de ações da Gurgel, alguns acionistas que não receberam o BR-800 estavam recebendo o Supermini, como forma de compensar o atraso na entrega do primeiro.
Pensando mais à frente, o engenheiro Gurgel decidiu fazer um novo projeto, batizado de Delta, que seria um novo carro popular de baixo custo que usaria o mesmo motor Enertron e custaria entre 4000 dólares e 6000 dólares, mas não chegou a ser fabricado em série (apenas pouquíssimos protótipos foram fabricados). A Gurgel chegou a adquirir algumas das máquinas-ferramenta que acabaram não sendo usadas. Ciro Gomes, na época, governador do Ceará e o Sr. Luiz Antônio Fleury Filho, governador de São Paulo, não honraram um compromisso de "apoio irrestrito" (ou protocolo de intenções) ao Projeto Delta. Tal projeto consistia na instalação de uma fábrica em Fortaleza para a produção da parte motriz dos veículos, que atuaria em conjunto com a unidade de Rio Claro, responsável pela produção das carrocerias.
A empresa havia batido seu recorde de vendas, quando comercializou 3.746 carros em 1991, mas caiu para 1.671 em 1992 devido a greve de funcionários da alfândega brasileira em 1991, que impediu a chegada de componentes da Argentina. A quebra no ritmo de produção quebrou o fluxo de caixa da empresa e as dívidas se acumularam. A produção do X12 (único utilitário remanescente desde a abertura das importações no Brasil) reduziu drasticamente por conta da relação entre Volkswagen e Gurgel ter abalado: o 181, similar ao X12, saiu de linha porque o segundo vendia tão bem que roubou espaço do primeiro. A marca também priorizou a fabricação dos seus carros populares (BR-800 e Supermini).
Portanto, sem apoio do governo, a Gurgel pediu concordata em junho de 1993. Em uma última tentativa de salvar a fábrica, em 1994, foi feito um pedido ao governo federal para um financiamento de 20 milhões de dólares à empresa, mas este foi negado, e a fábrica foi declarada falida em 1994.

Últimos anos em atividade

Em meio à declaração de falida pelo governo, a empresa conseguiu recorrer à bancarrota e ficou ativa até setembro de 1996. Seus últimos projetos foram: Supermini 1995 - uma versão com traseira mais reta que o Supermini anterior e seria lançado nesse mesmo ano; Motomachine - um minicarro urbano pensado como meio de tranporte; as últimas versões de Tocantins (que perdurou de 1992 a 1995) - com uma ligeira mudança na grade dianteira e Carajás (sem nenhuma mudança relevante) e o Motofour - de conceito similar ao Motomachine - que teve um único exemplar fabricado. Durante esse período, a marca ainda produziu mais 130 veículos.

Depredações na fábrica ao longo dos anos e venda da mesma[

Desde o fim da empresa, a fábrica de Rio Claro ficou nas mãos de um escritório em São Paulo. E desde 2001 a justiça vinha tentando vender a fábrica, que enfrentava muitos furtos de peças dos carros ainda inacabados: pelo menos 30 boletins de ocorrência foram feitos.[4]
Após diversas tentativas de venda do terreno da fábrica e seus veículos abandonados, ela só foi leiloada em 2007, por quase R$16 milhões. O dinheiro serviu como pagamento de dívidas trabalhistas, que chegou a quase R$20 milhões. A Gurgel deixou um lastro de R$280 milhões em dívidas.

O novo registro da marca Gurgel

O registro da marca Gurgel encontrava-se expirado no INPI desde 2003. Em 2004, o empresário Paulo Emílio Freire Lemos adquiriu a marca pelo valor de R$850,00. A família Gurgel não foi consultada e por isso decidiu mover uma ação judicial contra o empresário.[2] A atual Gurgel nada tem a ver com a Gurgel Motores S/A, sendo apenas o uso da mesma marca, portanto não devendo ser confundido.
Além disso, ela arrematou 6 carrocerias (BR-800CarajásItaipuSuperminiX12 e X15) que estavam na antiga fábrica, como um projeto para os futuros relançamentos. A empresa pretende relançar o Tocantins (que existe num protótipo), apesar de o projeto estar encalhado desde 2007.

Lista dos modelos produzidos - Gurgel Motores S/A

Carros produzidos em série

Protótipos[editar | editar código-fonte]

Lista de modelos produzidos - Gurgel Motores do Brasil

Tratores Agrícolas - atuais

Descontinuados

Protótipos

Empilhadeiras - atuais

Ford Galaxie

Ford Galaxie é um automóvel que foi fabricado pela Ford no Brasil de 16 de fevereiro de 1967 a 2 de abril de 1983totalizando 77.850 uni­­dades produzidas[1] . Trata-se de um modelo sedã luxuoso, contando inclusive com ar condicionado edireção hidráulica já no fim da década de 1960, itens considerados opcionais até hoje em muitos carros. Eleito pelaMecânica Popular o Carro do Ano de 1967, também considerado pelos antigomobilistas o carro mais luxuoso do Brasil.

História

Década de 1960

Em 1965, o gerente da Ford do Brasil, John C. Goulden, já anunciava o lançamento de um moderno carro luxo. O Ford Galaxie fabricado no Brasil foi apresentado no V salão do automóvel, no ano de 1966. O modelo era baseado no Ford Galaxie 500 sedan americano de 1966. Sua fabricação se deu início no ano de 1967. O Galaxie 500 brasileiro era um sonho de consumo da alta sociedade. Tinha um motor V8 Y-Block 272 de 4,5 litros (4.458 cm³) que rendia 164 hp brutos, emprestado da linha de caminhões da Ford no Brasil (posteriormente, em 1969, um novo teste no dinamômetro revelou um novo valor de potência bruta: 170 hp) e pesava 1780 quilos. Com o motor 272 ele alcançava 150 km/h, e fazia 0–100 km/h em 14,9 segundos. Ele tinha relativamente pouca potência, mas era uma usina de torque, podendo retomar de 30 km/h na última marcha (o câmbio era de três marchas na coluna) em uma leve subida. Nessa edição "Galaxie 500" contava com 5,33 metros, suspensão e bancos muito macios.
Em 1968 o Galaxie recebeu retrovisores externos, que até então eram opcionais pois não era item obrigatório. Neste ano o carro atingiu 13.700 unidades produzidas.
Em 1969, foi lançada a versão LTD do Galaxie, mais luxuosa, com acabamento do painel e das portas melhorado, teto em vinil, ar condicionado e câmbio automático opcional (hidramático, como chamado na época) opcionais, etc. O LTD foi o primeiro carro brasileiro a ter câmbio automático e o segundo a ter ar condicionado e foi responsável por popularizar esses itens no país. A versão era equipada com um novo motor, o 292 V8, que já vinha equipando as últimas versões de 1968. Este motor era o 272 redimensionado. Com 4.8 litros (4.785 cm³), rendia 190 hp brutos. Com o 292, o Galaxie 500 de 1970 alcançava 160 km/h e fazia 0–100 km/h em 13 segundos. O LTD, no entanto, era mais lento, devido ao câmbio automático, que ainda privilegiava a maciez e ao peso bem mais alto. Sua velocidade máxima aproximava-se dos 150 km/h e sua aceleração de 0 a 100 km/h era realizada em cerca de 15 segundos. A partir de 1970 esse motor seria montado em toda a série Galaxie.
Os motores Y-block 272 e 292 eram famosos pelo altíssimo torque e pela alta resistência.

Década de 1970

Em 1970 surgiu o Galaxie Standard, ou somente Galaxie. Era uma versão de entrada do luxuoso sedã. Não possuía direção hidráulica, relógio e rádio. Também vinha sem a maioria dos frisos, sem as calotas grandes e pneus comuns sem faixa branca. No ano anterior, a Chrysler havia lançado o Dart e em 1971 a GM o Opala Gran Luxo, que tentavam concorrer com o Galaxie. Então a Ford começou a fabricar uma versão ainda mais luxuosa que o LTD, o LTD Landau. O modelo LTD surgiu em setembro de 1968, já como ano/modelo 1969. O Landau, apresentado na linha 71, oferecia também, além do teto de vinil, vigia traseiro menor, aplicações em Jacarandá no painel e nas portas, forrações finas no interior e um adorno em formato de "S" que caracterizava o modelo. Era de longe o carro nacional mais requintado. Em 1971 as luzes de marcha-à-rédeixavam de ser integradas às lanternas traseiras e passavam a ser localizadas no pára-choque, onde foram mantidas até à linha 1980. Com esta alteração na linha 71, evidentemente as lanternas traseiras foram redesenhadas. A grade frontal também ganhou um novo design, com as lanternas/setas por trás. Além de novas calotas e maçanetas das portas.
Em 1972 o Galaxie Standand deixa de ser produzido.
Em 1973, ganhou novo capô, nova grade, teve a traseira redesenhada (e mais uma vez ganhou novas lanternas), novas calotas, frisos redesenhados e uma maior diversidade de cores. Em 1974 e 1975 não houve maiores mudanças.
Para a linha 1976, o Galaxie passou por grandes mudanças estéticas. Os faróis passaram a ser dispostos horizontalmente, assim como as lanternas traseiras, estas divididas em 3 segmentos em cada lado, mantendo a característica dos piscas traseiros sempre funcionando nas luzes de freio. As lanternas dianteiras passaram a ser maiores, mais envolventes e em posição vertical, ganhando lâmpadas âmbar, e sempre mantendo suas lentes na cor branca e a dupla função de pisca e luz de estacionamento na mesma lâmpada em todos os anos do modelo. O Galaxie 500 tinha a grade dianteira diferenciada das outras versões, com filetes horizontais que iam de uma lanterna dianteira até a outra, passando em volta dos quatro faróis. Já o LTD e o Landau tinham a grade dianteira com filetes verticais, porém sem que estes filetes passassem em volta dos quatro faróis. O vidro traseiro permanecia, como sempre, em tamanho reduzido apenas na versão topo de linha Landau, que era vendido apenas na cor cinza prata, com teto de vinil da mesma cor. O interior passou a ter tecidos mais finos, como o veludo inglês e o Jacquard inglês no Landau, e também passou a ter carpete de altíssima qualidade. Além de todas essas mudanças ele ganhou um novo motor, o 302 americano, que foi erroneamente apelidado de canadense por ele ter algumas unidades exportadas para o Brasil pela Ford Motor Company via Canadá, (que já equipava o Ford Maverick), trazendo grandes mudanças ao carro: 5,0 litros (4.950 cm³), que geravam 199 hp, e sua velocidade final era de cerca de 165 km/h na versão manual e 155 km/h na versão automática.
Em 1978 toda a linha recebia novo volante de 4 raios, painel com novas mudanças e um novo relógio eletrônico da Quartz, e botão ''temporizador'' para a regulagem da velocidade do limpa vidros além de novo padrão de estofamento, e de uma nova cor: cinza exclusiva para o Landau. Também recebeu pneus radiais, suspensão recalibrada e cintos retráteis na frente.
O ano de 1979 é o último em que o Galaxie 500 é fabricado, recebendo novos frisos e uma grade em plástico preto. O carro passou a ter ignição eletrônica opcional. O ar condicionado passou a ser integrado no painel e possuía um novo carburador com venturi variável.
Estes automóveis utilizavam o carburador bijet DFV-444 entre 1967 e 1975 e o carburador bijet Motorcraft entre 1976 e 1983 exceto em 1979 que foi utilizado um carburador extremamente moderno, porém retirado de linha no ano seguinte devido a falta de conhecimento na manutenção por parte dos mecânicos de época.

Década de 1980

Para 1980 só eram disponíveis os modelos LTD e Landau. Por causa da crise do petróleo, foi lançada a versão com motor 302 movida a álcool com enorme tanque de 107 litros, que chegou a responder pela maioria das vendas. Neste ano também surge a famosa cor Azul Clássico para o Landau, que dava um toque de classe a mais no carro. Os refletores vermelhos na até então exclusiva dos carros da frota da Ford designados para a sua presidência, refletores nas extremidade das laterais traseiras mudavam e passavam a ser iluminados quando se acendiam as lanternas. Ganhou porta-malas com abertura interna. No mesmo ano, quando o Papa João Paulo II visitou o Brasil, foi fabricado um modelo especial de Landau apelidado de Landau-Papamóvel, que foi utilizado durante a estada do Papa pelas cidades de São PauloAparecida do Norte eSalvador.
Em 1981 as luzes de marcha-à-ré voltam a ser integradas às lanternas traseiras, desta vez ocupando o lugar aonde até 1980 acendia o terceiro par da meia-luz traseira. Eram adotados também suspensão recalibrada e novas pinças de freio.
Ford Landau 1982, o penúltimo modelo produzido.
No ano de 1982 encerrava-se a produção do LTD. A única versão disponível passou a ser a topo de linha Ford Landau.
Em 2 de abril de 1983 o Galaxie saiu de linha totalizando 77.850 unidades produzidas em seus 16 anos de luxo, mas mesmo assim o carro recebeu a primeira calota presa com parafusos (rosqueadas). Neste último ano somente 125 unidades foram produzidas. Nesta época, com o agravamento da crise do petróleo, diminuiu a procura pelos sedãs grandes, o que levou a Ford a encerrar a produção deste que foi o mais luxuoso automóvel produzido no Brasil.

Pós-produção

Em seu lugar foi introduzido o Ford Del Rey, que também fez sucesso, mas nada comparado ao luxo e imponência de um Ford Galaxie/Landau.
Apesar de ter saído de linha, o Landau continuou fazendo sucesso, sendo o carro oficial da presidência até 1991, de muitas personalidades e da elite brasileira. Para muitos, o Galaxie foi o melhor carro já fabricado no Brasil. Ainda é um símbolo do luxo, chama atenção por onde passa, com seu tamanho e estilo. Existem ainda muito Galaxies no Brasil, e também muitos amantes do carro. Com certeza é um carro que marcará para sempre a história automobilística brasileira.

Curiosidades

  • Após o fim da sua produção (1983), o então presidente José Sarney manteve duas unidades a etanol como Carro Presidencial Brasileiro até o fim de seu mandato, em 1990.
  • Mesmo com a produção encerrada, diversas personalidades políticas e televisivas continuaram o usando.
  • É considerado o carro mais luxuoso do Brasil.
  • Durante a visita do Papa João Paulo II, foi construída uma unidade especialmente para a ocasião.
  • Houve unidades adaptadas por concessionárias Ford para uso funerário.
  • Foi usado na abertura da novela Araponga.